domingo, 18 de dezembro de 2011

Nosso império

Vem, vamos andar na praia,
mergulhar os pés na areia.
Fazer a nossa gandaia,
nadar na maré mais cheia.

Lhe manter na minha teia,
amar até que o sol caia.
Sentir palpitar a veia,
dos corpos que viram baia.

E logo ver na pele tua
o brilho da bela lua,
o melhor da vida boa.

Onde o beijo bem atua
num encontro que insinua
nosso reino sem coroa.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Preces ao amor

Amor sublime eu lhe invoco
Traga a mim tua grandeza.
Pra achar tua natureza
nestes versos te provoco.

Me cansei dessa tristeza
que não sei onde coloco.
Decidi seguir o bloco
da alegria e da beleza.

Amparar-me em teu sorriso.
Encontrar meu paraíso.
Sair fora dessa toca.

Pois amar sempre é preciso.
Abro mão do meu juízo,
para achar-me nessa troca.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Caminhos da chuva

Os pingos batem nas latas,
caem das folhas e troncos,
molham os pretos e brancos,
trazem a vida pras matas.

Gotas que descem nas retas,
preenchem as gretas, o oco.
Levam o inseto mais fraco,
rumo a passagens secretas

Molham as pedras, as britas
Somem as nuvens do seco.
Trazem o tom do que é místico,
na luz cedida as pepitas.

Chegam às zonas remotas
Tocam o peito dos broncos
Fazem descer os barrancos
Força de várias respostas

É o mel na polpa das frutas
brilho que escorre no caco
Frescor contido no coco
lagos que formam nas grutas.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Verdadeira comunhão

O que existe em nós de mais semelhante
É aquilo que guardamos no não dito
Naquilo que se pensa de esquisito
Nos momentos de face sem semblante

E o que fica escondido, o mais brilhante
Lacrado nas tolices que eu repito
É o que pode ser por demais bonito
Novas peças p'rum trocado implante

Pois esse abraço bom que no peito canta
É encherto pra alma que de um jeito planta
Vida ao coração que queimando bate

Olhar que com o mundo assim se encanta
Traz corpo firme que agora levanta
Se tornando com toda e qualquer parte

Iluminado

Ouve momentos que vi quem eu sou
Fogo de palha que sempre passou
Na sobra um rastro de luz repentina
Feixe de raio no vão da campina

Potência de luz que a mim se mostrou
Fagulha veloz que sempre apagou
Voltou pr'uma glória que forte ilumina
Deixando um querer que nunca termina

Porém descobri o tal mal da cegueira
Vento bem forte que joga a poeira
Noite sem lua que faz clarear

O jeito é fazer a própria fogueira
Acho que a vida tem sua maneira
Segue seu tempo pra se revelar

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Estilo Marimbondo

Qualquer canto que for vago
Vou de poema que diz
Pegue o pedaço de giz
Crie o desenho do lago

Queira o que nunca se quis
Faça proeza de um mago
Trace o discurso do gago
Assuma o próprio nariz

Veja a comida que estraga
Feita de excesso que é praga
Na pura ausência de paz

É casa que sempre alaga
Peso que insiste na esmaga
De um tal pior que é capaz


quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Sabor dos versos

Rima é meu remo meu caso,
quadro de meus aposentos,
fruto de mil's pensamentos,
vem de surpresa no acaso.

Estrada pros sentimentos,
rumo a vontade sem prazo.
E assim sem medo do atraso
tende a gozar bons momentos.

Inspira ao dedo de prosa
seguir algum cabimento.
Saber viver do talento
de dar ideia que entrosa.

Versos num tal movimento,
vão na embolada da tosa.
Que vai do cheiro da rosa
a dor de algum ferimento.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Virando a página

O Ferro e fogo são par
Juntos se fazem compor
Ondas que trazem torpor
Ao que escolhemos topar

Medo que possa acabar
Algo que tem bom sabor
Já me cansei do labor
Quero uma mesa de bar

Olho pro nada a pensar
Só quase tudo compensa
Tenho uma lista bem densa
Do que posso conquistar

Posso me desesperar
Falar das coisas sem cor
Tipo pedindo socorro
A alguém que queira ajudar

Prefiro um doce sonhar
Que traz a garra e fervor
A não viver mais de favor
É chato o disco arranhar

domingo, 23 de outubro de 2011

Certeza

Só quem ama sente dor
E certeza de não ter
Qualquer coisa a se fazer
A não ser sentir amor

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Tô sem nada

Irmão, com todo respeito
Eu preciso de uma ajuda
Perdi meu pulmão direito
Minha filha nasceu muda

Faço preces com arruda
Ô meu Deus! Não sou perfeito
Não permita que eu me iluda
Seja forte no meu peito

Pode ser qualquer trocado
Eu preciso de inteirar
Pra comprar uma marmita

Se não der como um salgado
Só não quero incomodar
Mas meu bucho tá que grita

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Embriaguez

Foi preciso resolver
Passar pano no sapato
Achar preço mais barato
Quase tudo tem a ver

Umidade molha o tato
Começou então chover
E o sorvete a derreter
Todo mundo paga o pato

Pra quem nunca viu
tente ser o mais gentil
Sempre pode aparecer

Uma estrela que surgiu
Alguém que falou e abriu
Um lugar pra conhecer

Plenitude

Nós queremos liberdade
Caminhar sem as amarras
Gozar bem feliz das farras
Sem deixar de ter saudade

Sorver bom vinho na jarra
Sorrir pro bom arremate
Saber sugar o tomate
Cortar as unhas da garra

Ir curtir a madrugada
Desmaiar na gargalhada
Esperar o sol nascer

Aceitar não fazer nada
Superar fala acanhada
Transmitir se for dizer

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Jeito de poeta

Busco um sorriso sagrado
Quero uma fala solene
Sou desse Jeito largado
Odeio som de sirene

Dizem que sou bem tarado
E ao mesmo tempo sereno
Fato é que são vários lados
E alguns eu meio que enceno

Vou aprendendo calado
Quando não gosto chacino
Deixo o papel rabiscado
Quando der tempo termino

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Sabor da preliminar

Quando a vejo de vestido
Com coque meio largado
Penso num bombom sortido
Em um bolo recheado

Um beijo a ser degustado
Lhe falar ao pé do ouvido
Me mostrar o mais safado
Provocar algum gemido

E no contato aquecido
Desço a boca com cuidado
Lhe provoco a contração

Ver teu corpo contorcido
O teu pêlo arrepiado
Que anuncia a redenção

domingo, 2 de outubro de 2011

Vinho

Chuva na garupa
Chupa que é de uva
A chuva pede Upa
Puta com anchôva

Uva pede curva
Luva de viúva
Vulva quando turva
Trova d' Almodóvar

(Poesia escrita em parceria com o Poeta Sr. Personna)

Fruto da origem

Quase sempre paro e penso
No que mais deixei pra trás
Nessa falta que alguém faz
Frente ao caos do mundo tenso

Sei que busco alguma paz
Mas não esqueço do intenso
Daquilo que me fez denso
Até mesmo um bom rapaz

No choro que molha o lenço
há poder dos ancestrais
a lembrança dos meus pais

O que desperta algo imenso
A vontade de jamais
Deixar de querer mais

sábado, 1 de outubro de 2011

Rock'n bum!

Elvis parou no semáforo
Desceu do seu conversível
No qual jogou combustível
Riscou um palito de fósforo

Ondas de Omar

Omar não sabe do amor
O mar não sabe lhe amar
Omar não sabe se há mar
O mar não sabe se é amor

Lembranças

Na bagunça da garagem
Procurava algo perdido
Vasculhava distraído
Até ter uma miragem

Se sentia convencido
Em fazer a tatuagem
Transportar aquela imagem
Pro seu dorso envelhecido

Um bilhete de passagem
Era mais que uma mensagem
Algo a ser reproduzido

Se lembrou de uma viagem
De um desejo sem coragem
D'um amor mal resolvido

Convite ao leitor

Quem for ler as poesias
Escutando o que eu digo
Andará nas fantasias
Desses mundos que eu abrigo

Vamos nessa caro amigo!
Esquecer da anestesia
Ir além do próprio umbigo
Flutuar na maresia

Devolver o que trazia
a alegria e liberdade
no criar por diversão

Ocupar casa vazia
com bem mais variedade
sendo real ou ficção

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O fim dos heróis

Em visita a madrugada
Ando livre em pensamento
Observo um monumento
Uma estátua ali parada

Que não faz um movimento
Tradição de fazer nada
Sinto ao toque bem gelada
Reconheço um sentimento

Traz o eterno pro momento
De uma luta já vencida
Uma imagem construída
Jaz memória no relento

Pouco importa se é mantida
Ali presa no cimento
É só mais um juramento
Pra figura já sem vida

Conselhos tortos

Pra ti desconhecido
Recomendo algo bom
A sobra do esquecido
Um pedaço de batom

Que se sinta convencido
Co'a pureza de algum som
Com o gesto do bandido
No tum-tum do coração

Que vê grave a condição
Mas alcança novo tom
Pedindo informação
Festejando o reveillon

Escavar o chão marron
Comer ovo colorido
Dar gorjeta pro garçon
Dizer algo sem sentido


terça-feira, 27 de setembro de 2011

Adeus do esquecido

Fome se mata com restos do chão, a vida se faz no peso da lata. Traz na sacola um pedaço de pão, tira o sustento que sai da sucata Sorve teu gole de pinga barata, ameniza a dor que vem da razão. Da vida dura que assim lhe maltrata, mutila teus sonhos na marca do não. Na noite ao deitar em seu papelão, olha o céu enfeitado pelos astros, almas sem corpo que estão a brilhar. E ali chega à triste decisão, fará de bandeira a pele num mastro dizendo que foi pra um novo lugar.

Na Luta

Essa moça da limpeza
Sempre faz um bom serviço
Cumpre bem seu compromisso
Além de toda a gentileza

Falo bem por causa disso
Jeito simples que é beleza
Não dá brecha pra tristeza
Traz a força no feitiço

Chegou tempo de ir embora
Vai pegar a condução
Já contando co'a demora

Por descanso o corpo implora
Fazerá sua refeição
Pra dormir sem fazer hora

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Realidade da fantasia

Sentindo sua cabeça mudar
Pras mais quentes histórias libertinas
Se viu sujo nas taras repentinas
Sempre aquelas que insistimos negar

Mas imundo desistiu da faxina
Permitiu a fantasia se mostrar
Nas vis cenas de corpos a se enroscar
Em salas decoradas por cortinas

Percebia o cenário se formar
Pensava nas mais belas dançarinas
Corpos curvos de graça feminina
Em tudo que podia se fartar

Mas de repente se sentiu menina
Coisa louca que veio sem parar
Mãos grandes começaram lhe tocar
E Viu-se nú coberto em purpurina

Achou que precisava se curar
Conectar com a alma masculina
Se machucar no peso da oficina
Brigar por nada na mesa de um bar

Porém achou melhor seguir a sina
De alguém que poderia se aceitar
Pois ainda era possível se amar
Mesmo querendo ter cintura fina

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Beco da bola

O moleque bom de bola
Gente boa lá do morro
Brinca ali com seu cachorro
Não quer mais ir pra escola

Neto da Dona Socorro
Curte um samba na viola
Churrasquinho e coca-cola
Quer ter aula sem esporro

Vive na comunidade
Pega o bom do papo reto
Apesar da pouca idade

Tem responsabilidade
Solta pipa, faz o certo
Mesmo na dificuldade

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Procedimentos

Hoje nasce Cézar e Ana
A mãe faleceu no hospital
Queriam parto normal
Fizeram a cesariana

Equívoco

Sei que tenho preconceito
E estuprei meio ambiente
Sou bem mais inteligente
Do que o cara com defeito

Não amei bicho serpente
Mas maçã não teve jeito
Quis ser o novo prefeito
Pra sugar gente carente

Sou de tudo o mais perfeito
Nesse mundo decadente
Que se dane o diferente
Vai ser tudo do meu jeito

Marco couro em chapa quente
Pois torturo o tal suspeito
Gente pobre não respeito
Me tranquei nessa corrente

Vou comprar o mais aceito
Faço pose de decente
Veja tudo que é evidente
Só seguir o mais eleito

sábado, 17 de setembro de 2011

Cannabis Cativa

É coisa que não se aguenta
Já te proíbem a marcha
Trazem tiro de borracha
Paz no spray de pimenta

Viva o Brasil que foi penta!
Ele se esquece, relaxa
Zico pra bola, é caixa!
Nessa nação que aqui tenta

Mas isso aqui se apresenta
Num golpe certo que racha
Assume a foto na faixa
Diz da verdade nojenta

Mundo de gente marrenta
Dessa que ainda se acha
Tentam calar na bolacha
Respeitam demais a ementa

Aqui se faz

Rapaz vindo da montanha
Que mergulha neste Rio
E acha um grande desafio
Ao ter feito tal façanha

Um rapaz quase menino
Peito cheio de esperança
No sorriso da criança
Na surpresa do destino

Por aqui rapaz se Banha
Com as letras do oficio
Não aceita sacrifício
Mas aposta na barganha

E com ar de peregrino
Se faz forte na lembrança
No traçado que ele lança
À tristeza do franzino

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Prisões noturnas

A luz bate em seu rosto
Sua face se revela
Eu vi mesmo, era ela
Senti cheiro, senti gosto

Mas covarde a salivar
Observo bem de longe
E parado feito monge
Faço versos devagar

Logo vi outra beldade
De tom quente e inocente
Fez de boba, de decente
Saiu fora de maldade

Mas um dia escapo dessa
Saio solto pela pista
Nessa pira da conquista
Por contato, por conversa

Fome de amor

Corpo senta dolorido
Se mistura ao chão da rua
Gole de pinga continua
E também o olhar perdido

Mas a fome logo chama
E a coceira da ferida
De bicheira é comida
Por comer o bucho clama

Não querendo ser bandido
A carcaça logo atua
Mão na caça se insinua
Por trocado concedido

Assim compra qualquer grama
De arroz e carne moída
Refeição que é dividida
Com seu cão que tanto ama

Pão Nosso

Muitas fomes e misérias
Saltam em letras garrafais
Nas revistas e jornais
O cuidado para as férias

A largura da cratera
Cada dia aumenta mais
Vestem branco, querem paz
Pedem jaula para a fera

Se escondem atrás da tela
E rogam ao grande pai
Pra jogar dentro da cela

E no natal data tão bela
Toda culpa se esvai
Comem juntos na panela

Em transe

Seu olhar bobo acusa
Tua mente no transe voa
E eu safado bem atôa
Já lhe penso sem a blusa

Pernas lisas que se esfregam
O meio logo se aquece
Olho rosa se enrijece
Coisas sujas lhe despertam

Minha boca cola a tua
Sinto o gosto do molhado
Chupo o seio adocicado
Te bolino a carne crua

Sai a roupa em desespero
Mãos exploram sem pudor
Tempo para no furor
Corpos fervem no exagero

E nessa gula por sabor
Cama treme por inteiro
Gozo vira cativeiro
Vulcão jorra no pavor

Fúria fica apaziguada
E olhar atento ao teto
Ela abraça, fica perto
Ele morto nao diz nada

Aguas passadas

Ao cumprir o teu desgosto
Decidi pelo desejo
Beber vinho, comer queijo
Esquecer desse teu gosto

Lhe manter como um enconsto
Não faz parte do meu jeito
Linda bunda, belo peito
Muito pouco pra este posto

Tal final já começou
Pare toda insistência
Dê lugar ao que passou

Nesse brêu agora vou
Que se faça referência
Seu salgar o mar levou

Arte em partes

Bela tela que pintei
Derramei borrão de tinta
Desenhei carne de quinta
Goela de macaco rei

O refrão que lhe cantei
Sob a luz de lamparina
Com efeito de buzina
Gente dura conquistei

Passos novos que dançei
Caminhei na dura quina
Com a doce bailarina
Palcos curvos explorei

Todos versos que falei
Exigi tudo na rima
Expressei minha extima
Pela sã falta de lei